Os tratamentos para fístula anal, tradicionalmente, envolvem cirurgias com aberturas ou ressecção do trajeto fistuloso, além de serem associados à colocação de Seton, uma espécie de dreno. Isso, muitas vezes, resulta em extensas feridas na região perineal, acometendo a vida do paciente na realização de atividades sociais e laborativas habituais de semanas até meses, e ainda, possui o risco de comprometimento da continência fecal. Pensando no bem-estar e buscando novas tecnologias para melhorar as técnicas utilizadas, o tratamento e a qualidade de vida do paciente, o Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), de Passo Fundo, realizou no sábado, 01 de fevereiro, a primeira Fistulotomia Anal com Tratamento Endoscópico (VAAFT).
A VAAFT é uma técnica utilizada para tratamento cirúrgico de fístulas anais complexas ou recidivadas permitindo a identificação do trajeto por visão endoscópica por meio de um instrumento fino e rígido que é conectado a uma micro câmera que, produz um sinal de vídeo e é exibido em um monitor. Esse controle visual que a técnica proporciona, torna possível localizar de forma exata o orifício interno da fístula, possibilitando tratamento completo. Dessa forma, além de visualizar o trajeto, é possível cauterizá-lo, facilitando sua cicatrização após a remoção dos orifícios interno e externo da fístula.
O VAAFT é considerado uma boa opção no tratamento da fístula anal com redução de risco de incontinência fecal e lesões cirúrgicas perianais, juntamente com demais técnicas poupadoras de esfíncter, como LIFT, Retalho Mucoso, Plug Colágeno e Cola Biológica.
No HSVP, a técnica foi realizada pelo Serviço de Coloproctologia, através dos médicos Coloproctologistas Milton Bergamo e Fabiano Schirmbeck. Além disso, o procedimento contou com o auxílio do médico pela Universidade de Taubaté, Cirurgião Geral e Coloproctologista Responsável pela Coordenação Científica do Ircad Barretos, Coloproctologia com foco em cirurgia minimamente invasiva, Luis Romagnolo, do Hospital de Amor de Barretos, São Paulo.
Para Bergamo, a técnica é “mais uma opção de tratamento da fístula perianal, uma opção interessante, não para todos os pacientes, mas para aqueles que são candidatos a esse tipo de tratamento tanto da fístula perianal quanto do cisto pilonidal”. O médico explica que é uma “alternativa pouco agressiva onde a pessoa tem uma chance de ter um retorno rápido as suas atividades habituais tanto do trabalho, lazer, voltar a uma vida normal mais precocemente e uma segurança bastante grande em relação a não ter risco de prejuízo na continência fecal, no controle das fezes”.
Realizado pela primeira vez, Bergamo relata que é mais uma alternativa disponível no Hospital São Vicente para tratar este grupo de pacientes portadores de fístula perianal complexa e cisto pilonidal.
Foto: Primeira equipe a realizar o procedimento no HSVP (Fotos: Ascom HSVP/Luis Gustavo)