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Elastografia Hepática por Ressonância Magnética: Doenças do fígado e novas formas de diagnóstico

  • 26/12/2019

O fígado é a maior glândula do corpo e está localizado atrás das costelas, na porção superior direita da cavidade abdominal. As células do fígado, chamadas hepatócitos, contêm milhares de enzimas que são responsáveis pela metabolização das substâncias presentes no sangue, sejam elas benéficas ou prejudiciais ao nosso organismo. O fígado também é capaz de armazenar nutrientes e outras substâncias úteis, além de produzir proteínas e vitaminas essenciais para nossa saúde. A ciência já conhece mais de 500 funções do fígado e não é possível viver sem ele, sendo o cuidado com ele fundamental para nossa saúde. 

A falta de hábitos saudáveis tem aumentado o número de doenças crônicas do fígado, que podem ter diversas causas como a ingestão alcoólica, sobrepeso, obesidade, dislipidemia, infecções virais e mutações genéticas. Estas doenças geralmente não causam sintomas em fases iniciais e por isto, muitas vezes são diagnosticadas apenas em fases avanças, quando já evoluíram para cirrose ou mesmo após surgir câncer no fígado. Até pouco tempo atrás a única forma de quantificar o grau de fibrose no fígado era por meio da biópsia, exame invasivo no qual alguns fragmentos são retirados do fígado por meio de uma fina agulha.

Mas, o avanço da tecnologia e medicina, trouxe recentemente um novo exame de imagem que se tornou capaz de quantificar o grau de fibrose, depósito de gordura e de ferro, sem a necessidade da biópsia. Este exame é chamado Ressonância Magnética do fígado com análise multiparamétrica (RMmp) ou Elastografia Hepática por Ressonância Magnética. Conforme a médica Radiologista do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) de Passo Fundo, Mariana Ambrós, a Elastografia representa uma grande inovação na Medicina, uma vez que detecta de forma objetiva as doenças do fígado ainda em fase precoce, permitindo o início de tratamentos precisos e específicos para cada doença, evitando o desenvolvimento da cirrose. “Por ser um exame não invasivo e sem a injeção de meio de contraste, este exame ainda traz a vantagem de poder ser repetido para monitorar respostas ao tratamento”, explica a especialista. 

Além diagnosticar e identificar a gravidade das doenças do fígado, o exame pode ser utilizado para avaliar o sucesso do tratamento, pois consegue identificar a melhora ou piora do tecido hepático. “ No Hospital São Vicente, disponibilizamos deste exame, que tem sido importante para avaliar as doenças hepáticas, sendo aliado não só no diagnóstico como tratamento”. 

Confira as doenças mais prevalentes do fígado que podem ser detectadas de forma precoce pela Ressonância Magnética multiparamétrica (RMmp) ou Elastografia Hepática por Ressonância Magnética:

Esteatose- Gordura no Fígado

A esteatose caracteriza-se pelo acúmulo excessivo de gordura nas células do fígado. Também conhecida por doença hepática gordurosa, gordura no fígado ou fígado gorduroso, a esteatose hepática é uma doença cada vez mais comum, acontecendo de forma ainda mais prevalente na população da região Sul, devido ao excesso de consumo de carnes gordurosas e pouca atividade física.   Esta doença pode manifestar-se também na infância e atinge de forma mais frequente as mulheres. A estimativa é que 30% da população apresentem esta doença e que aproximadamente metade dos portadores possa evoluir para formas mais graves da doença. 

Por não gerar sintomas, a grande maioria dos pacientes não sabem que tem esteatose, e esta doença pode permanecer estável por muitos anos. Entretanto se não tratada pode progredir para uma inflamação aguda grave (esteatohepatite) ou determinar uma inflamação crônica, que ao longo do tempo determinará fibrose/cirrose e até câncer de fígado, conhecido como hepatocarcinoma. 

A esteatose hepática pode ser causada pelo consumo excessivo de bebidas alcoólicas (Doença Hepática Alcoólica), ou mesmo por outros fatores de risco como obesidade, sobrepeso, diabetes mellitus, dislipidemia, hipertensão arterial, bem como alguns medicamentos (Doença Hepática não Alcoólica). 

A boa notícia é que esta é uma doença tratável, que pode até regredir, se suas causas forem controladas. Entretanto para isto, se torna de extrema importância a sua detecção precoce. Por isso, o uso de RMmp nessa doença hepática crônica auxilia no diagnóstico e na quantificação de gordura hepática, no diagnóstico e na quantificação de fibrose, bem como na avaliação da resposta ao tratamento. 

Hemocromatose

Hemocromatose é uma doença caracterizada pelo acúmulo excessivo de ferro no corpo, decorrente do aumento na absorção deste elemento pelo trato digestivo. Ao longo do tempo, o ferro em excesso se acumula nos tecidos por todo o corpo, levando a sobrecarga deste elemento nas vísceras abdominais. Como consequência, pode levar a lesão hepática (cirrose, insuficiência hepática e câncer), disfunção pancreática (diabetes) e insuficiência cardíaca (cardiomiopatia e morte súbita).

O fígado é o principal órgão de armazenamento de ferro, o primeiro a mostrar sobrecarga de ferro e o único a mostrar uma relação linear entre a concentração de ferro e ferro total no corpo. 

A quantificação de ferro por RM é considerado o melhor exame não invasivo no diagnóstico e acompanhamento de doenças por sobrecarga de ferro. Embora não elimine totalmente a necessidade da biópsia, este exame muitas vezes substitui a necessidade deste procedimento em várias etapas. A detecção precoce desta doença, que também em fases iniciais não causa sintomas, é de grande importância para se evitar a cirrose e o câncer do fígado. 

Cirrose

Doenças hepáticas crônicas, independente da etiologia, levam à fibrose hepática e danos contínuos ao fígado, podendo progredir para Cirrose, com suas complicações associadas. Tradicionalmente, a biópsia hepática tem sido o padrão ouro para avaliação de doenças crônicas do fígado. 

As técnicas de elastografia podem demonstrar uma rigidez aumentada nas doenças crônicas do fígado que se correlacionam com a gravidade da fibrose e são úteis para a avaliação não invasiva da doença hepática, bem como monitorar o seu tratamento.

A fibrose hepática é reversível quando a etiologia da doença hepática é descoberta em tempo hábil e tratada.  

A elastografia por ressonância magnética do fígado também é útil para a detecção de fibrose hepática secundária a drogas hepatotóxicas, como o metotrexato. Ainda, é uma técnica estabelecida para detecção e estadiamento da fibrose hepática e é útil na avaliação da resposta ao tratamento e no acompanhamento clínico das doenças crônicas do fígado.

 

Como sei que o meu fígado não está funcionando bem?

Muitas doenças não apresentam sintomas em fases inicias, mas, alguns sinais e sintomas que podem aparecer em caso de problemas no fígado são a dor abdominal do lado direito e a barriga inchada. Além desses sintomas, também pode ocorrer cor amarelada na pele e nos olhos e urina amarela forte ou escura. “A melhor opção é sempre prevenir. Mantenha hábitos saudáveis, consulte seu médico e faça exames regulamente”, enaltece Dra. Mariana. 

Foto: Aparelho de Ressonância utilizado para realizar o exame (Foto Assessoria de Comunicação HSVP/Caroline Silvestro)